A Reforma Tributária, prevista para entrar em vigor em 2026, representa muito mais do que uma reorganização dos tributos. Ela inaugura um novo desenho de governança dentro das empresas brasileiras e exige um perfil de liderança mais integrado e estratégico. O C-Level deixa de atuar apenas como guardião das obrigações legais para assumir o papel de condutor de uma transformação estrutural que redefine processos, decisões e impactos operacionais.
Mas, para entender a complexidade do que vem pela frente, é preciso revisitar o ponto de partida. Durante décadas, áreas como fiscal, finanças, pricing, supply chain e tecnologia funcionaram de forma isolada, cada uma responsável por decifrar sua própria parcela do emaranhado tributário. O modelo atual permite esse distanciamento, sustentado por especialistas que dominam seus nichos. Com a chegada do IBS, do CBS e do princípio da neutralidade previsto no artigo 156-B, essa lógica se desfaz. Cada norma, atualização constitucional ou decreto passa a demandar interpretação, validação e conversão imediata em regras claras, capazes de alimentar sistemas automatizados, harmonizados e auditáveis. É esse processo rigoroso que transforma uma legislação dinâmica e intrincada em segurança jurídica e operacional.
Mesmo com o período de transição, que manterá dois regimes tributários convivendo até 2033, a garantia de cálculos precisos, bases confiáveis e sistemas alinhados ao novo desenho fiscal se torna um diferencial estratégico. Ignorar essa etapa não é apenas arriscado — é abrir espaço para penalidades, travamentos na operação e perda real de competitividade.
Ou seja, o diferencial não residirá mais apenas na leitura apurada da lei, mas na capacidade de transformar dados tributários em decisões estratégicas de negócio, integradas e em tempo real. A partir de agora, o papel do C-Level é utilizar a tecnologia e o conhecimento tributário como ferramentas genuinamente estratégicas, e não meras obrigações de conformidade. O futuro exige líderes que saibam olhar para dados fiscais e enxergar ali não apenas custos, mas oportunidades concretas de otimização de margem, eficiência operacional e até de posicionamento competitivo no mercado.
Portanto, a liderança precisa ser uma tradutora da complxidadecomplexidade. Sua função se estende a garantir que a visão tributária não seja um apêndice burocrático, mas um pilar que sustenta o planejamento e a execução de toda a estratégia corporativa. Essa orquestração multifuncional só se concretiza com uma base tecnológica confiável e continuamente atualizada. Cada decisão, seja ela de precificação, planejamento de expansão, alocação de recursos ou gestão de cadeias de suprimentos, exigirá o lastro de dados fiscais confiáveis e interpretáveis.
É neste contexto que a tecnologia transcende seu papel de suporte e ascende a infraestrutura de confiança. Em um período tão sensível de transição, onde dois regimes tributários coexistirão, a tecnologia não é apenas um meio de automação; ela é a força propulsora que confere ritmo, segurança e coerência. Ela conecta o mundo jurídico ao financeiro, o fiscal ao estratégico. Quando as regras tributárias estão integradas, o ganho transcende a eficiência operacional. O que se conquista é governança, rastreabilidade e, acima de tudo, a confiança plena na correção dos dados.
É essa confiança que permite ao C-Level olhar para frente. O desafio não é apenas compreender o que muda na letra da lei, mas garantir que a empresa continue entregando o que sempre foi essencial: resultados sólidos, uma reputação preservada e consistência operacional em meio a transformaçãotransformações.
No fim, o futuro não pertence a quem apenas entende a legislação. Ele pertence a quem sabe transformá-la em inteligência e estratégia.
*Fernando Silva - Vice President & General Manager LATAM da Vertex Inc., líder global no fornecimento de softwares e soluções para impostos indiretos
Voltar para a listagem de notíciasCliente desde 1990
Cliente desde 2018
Cliente desde 1991
Cliente desde 1993
Cliente desde 1987
Cliente desde 1999
Cliente desde 1998
Cliente desde 1999
Cliente desde 1991
Cliente desde 2015
Cliente desde 2013